quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mansão do Inferno - Especial Argento

“As Três Mães...


Não sei que preço vou pagar por romper o que os alquimistas chamam de "Silentium". A experiência dos nossos colegas nos adverte sobre não compartilhar nosso conhecimento aos leigos. Eu, Varelli, um arquiteto residente em Londres, conheci as Três Mães, e construí-lhes três casas. Uma em Roma, uma em Nova York e a terceira em Friburgo, Alemanha. Só descobri quando já era demasiado tarde, que destes três edifícios, as Três Mães governariam o mundo, com dor, lágrimas e trevas. "Madre Suspiriorum", a mãe dos suspiros, a mais velha, vive em Friburgo. "Madre Lacrimarum", mãe das lágrimas, é a mais formosa das irmãs e governa Roma. "Madre Tenebrarum", mãe das trevas, é a mais jovem e cruel. Controla Nova York. Eu construí as suas horríveis casas, depósitos de todos os seus imundos segredos. As chamadas Mães são na realidade cruéis madrastas, incapazes de criar vida. Irmãs, senhoras do horror da humanidade. Os homens caídos em desgraça chamam-nas com um único e aterrador nome. Assim como existem 3 musas, 3 graças, 3 destinos e 3 fúrias. A terra sobre a qual estão construídas as três casas eventualmente se tornará fatal e cheia de pragas, tanto que a área circundante se tornará imprestável”.






São com essas palavras que a sequência bastarda de Suspiria se inicia. Argento subverte qualquer explicação lógica e conduz o espectador a uma sucessão lisérgica e perturbadora de imagens e sons. Hermético e de difícil acompanhamento lógico.


Apesar do plot simples, a condução do diretor é complicada e poética. A história se inicia com Rose Elliot, que encontra em um antiquário um exemplar de um livro chamado As Três Mães (cujo prefácio inicia essa postagem e o filme). Para aqueles que viram o maior clássico de Argento ,Suspiria, reconhecerão que se trata de uma nova abordagem a história das bruxas mostrada no filme anterior. Dessa vez, sobre a Mãe Tenebrarum, que reside em Nova Iorque. Rose impressionada com o que lê decide investigar o livro e descobre que o prédio onde mora, pode ser a residência da já citada bruxa americana.





Ela então envia uma carta a seu irmão Mark em Roma pedindo ajuda e com medo do que poderia lhe acontecer. Mark parte para Nova Iorque e a “bagunça” de Argento se inicia.


Argento constrói a ambientação mais tensa e macabra que poderia ter conseguido. Vendo o filme você tem a total sensação de que todos os lugares são perigosos e que não existe nenhuma salvação para aqueles personagens.





Algumas cenas são marcantes e vão acompanhar o espectador por dias a fio. A morte de um dos personagens praticamente comido por ratos, o vislumbre de uma belíssima (e igualmente tenebrosa) morena que sussurra palavras inaudíveis a Mark ainda na Itália, o hermético e sombrio final, e qualquer cena em que o expressionismo da iluminação e da direção de arte é mostrado.


Por outro lado, toda a sofisticação e beleza não escondem algumas falhas que o filme apresenta em especial no desenvolvimento dos personagens. Muitos deles, infelizmente, entram e saem da trama sem termos tempo de percebê-los na tela. Um exemplo é do misterioso atacante de mãos desfiguradas na biblioteca em Roma, ou mesmo a bela morena já citada acima.





São escorregadas que não comprometem o desenvolvimento, mas que denotam uma “má formação” no roteiro, ou numa análise mais compreensiva, pode ser encarada como intencional por parte do diretor.


Longe de ser o melhor filme do diretor, mas ainda sim muito melhor do que boa parte das coisas que se intitulam terror ou suspense. Argento emula pinturas e nos dá uma aula sobre o uso das cores e da iluminação em um filme.

Inferno em Imagens:

















 COTAÇÃO GIALLO: 3/5

4 comentários:

  1. Tenho de reservar algum tempo para rever os clássicos dele. O Giallo também está na lista...

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  2. Não assisti esse ainda,

    mas pelo que vi nao estou perdendo muito né,

    mas mesmo assim vou ver se agora nas férias

    vejo. Mesmo com as críticas fico cuirosa...

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  3. Júnia, o filme não é ruim, mas ele vale muito mais pelo visual do que pelo que quer contar.

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