quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Jogo da Imitação

O Jogo da Imitação
(The Imitation Game, 2014)

Direção: Morten Tyldum
Roteiro: Graham Moore

com: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Rory Kinnear, Charles Dance, Mark Strong

Um personagem enigmático, transtornado, cheio de segredos e brilhante. Alan Turing foi tudo isso e talvez por ser tão complexo merecia uma produção que fizesse juz a ele. "O Jogo da Imitação" é terno, professoral, emotivo (beirando os excessos melodramáticos) mas falha na tentativa de compreender de fato a genialidade de seu biografado.

Sim, ele aborda as dificuldades de relacionamento que Turing tinha com o mundo ao redor, e sua sexualidade reprimida e é bastante feliz em nos minutos finais da projeção ser irônico quanto ao destino do personagem, porém falta exemplificar os insights geniais, ou de onde vem suas conquistas, problemas bem parecidos com outro indicado ao Oscar desse ano, "Teoria de Tudo". Parece ser um problema crônico em cinebiografias (sendo generalista): ou se apela para a "chapa branca" e transforma-se o biografado em um santo ou foca-se em um aspecto de sua personalidade sem abordar o todo, o que faz dos seres humanos complexos.

Cumberbatch está bem, mas ainda acho que "Sherlock" e "O Espião que Sabia Demais" são suas duas interpretações mais eficientes. Benedict acerta ao fazer de Turing um sujeito que parece sempre estar engasgado pelas palavras e que fez de sua vida uma espiral de controle, resignação e apatia. Em sua vida, não existe espaço para nada além do que seu proposito e amor: a matemática. Amor esse, forjado pela dor de uma perda que o transformou e o manteve em um estado de inércia. A vida passava ao seu lado e ele não conseguia expressar-se.

Isso até envolver-se com o projeto que desvendou os segredos da comunicação nazista e que fez com que sua vida mudasse, abrindo sua percepção para as pessoas ao seu redor e utilizando seus traumas para construir uma máquina que salvou dezenas de milhares.

Os méritos de levantar - mais uma vez - o nome de Turing e dar visibilidade ao seu trabalho e principalmente o de chocar o público com o fato de que um país civilizado a menos de 100 anos condenava a prisão pessoas simplesmente porque estas eram homossexuais compensam os problemas do filme, embora ache que o biografado merecesse mais.


★★★

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